Forças federais mobilizam 840 homens para retirar garimpeiros

Disponível em: http://www.folhabv.com.br/noticia.php?id=118778

A ação contra o garimpo ilegal envolve a Polícia Federal e o Exército Brasileiro
Por ANDREZZA TRAJANO

02/11/2011 00h04

pfarmy


A Polícia Federal (PF), o Exército Brasileiro e a Fundação Nacional do Índio (Funai) deflagraram anteontem uma operação para retirar garimpeiros que atuam ilegalmente na reserva Yanomami, a noroeste de Roraima. A ação conta com 800 militares, 40 agentes federais e um aparato que envolve helicópteros, aviões e embarcações.

Contudo, a operação não se restringe à exploração irregular de minérios. Todos os dois mil km de faixa de fronteira com a Venezuela e a Guiana estão sendo fiscalizados, abrangendo atividades repressivas ao tráfico de drogas, crimes ambientais e ao contrabando e descaminho de mercadorias. A Força Aérea Brasileira, Polícia Rodoviária Federal, o ICMBio e o Ibama também participam da ação.

De acordo com o superintendente regional da PF, Alexandre Saraiva, o planejamento da operação iniciou em maio, com os trabalhos de inteligência. Foram mapeados 23 pontos de garimpo dentro da reserva.

A previsão é que os trabalhos de fiscalização durem uma semana no território indígena, mas podem se estender se houver necessidade. Todos os garimpeiros que forem localizados serão trazidos para Boa Vista, para adoção das medidas pertinentes. “Vamos analisar caso a caso. Ele [garimpeiro] pode ser preso ou apenas retirado da reserva”, disse Saraiva.

O maquinário de garimpo que não tiver condições de ser trazido para a capital será destruído no local, em conformidade ao artigo 111 do Decreto 6514/08. Também devem ser destruídas pistas de pouso clandestinas, utilizadas por aeronaves que dão suporte aos garimpos.

FINANCIADORES - Além de buscar o fim da exploração mineral na reserva Yanomami, o superintendente da PF explicou que a operação terá desdobramento com a investigação dos financiadores de garimpos.

“Temos inquéritos instaurados. Algumas pessoas já estão sendo chamadas a prestar esclarecimentos e outras ainda serão ouvidas. Existe uma estrutura logística muito funcional que permite a permanência dos garimpeiros em área indígena e isso será combatido”, disse.

Alexandre Saraiva descartou que a operação só tenha sido deflagrada por causa de uma reportagem veiculada este mês no Fantástico, que mostrou de perto a atividade garimpeira na área indígena, ou por causa da audiência pública que discutiu a questão na Câmara Federal, na semana passada.

“[Garimpo na terra Yanomami] Não é uma preocupação nova da Polícia Federal. Todos os anos fazemos operações de retirada de garimpeiros. O que precisamos agora é de outras medidas que, aliadas ao trabalho ostensivo, resultem no fim da exploração mineral nas reservas indígenas”, pontuou.

O administrador regional da Funai, André Vasconcelos, está em Brasília. Por telefone, disse que assim que chegar a Boa Vista poderá se pronunciar sobre a questão.

MINERAÇÃO - A exploração mineral em terras indígenas não é permitida por falta de regulamentação do artigo 231 da Constituição Federal, que condiciona a pesquisa mineral em áreas indígenas à autorização do Congresso Nacional. Há pelo menos dois anos a regulamentação é discutida entre os parlamentares.  

General diz que ação abrange crimes transfronteiriços


Franklimberg Ribeiro de Freitas: “É uma operação planejada e ampla, que está sendo feita com muito cuidado, com critérios”

O general do Exército Brasileiro Franklimberg Ribeiro de Freitas explicou que a operação é ampla e que demanda grande logística, uma vez que se refere a diversas ações repressivas aos ilícitos transfronteiriços.

Nas fronteiras com a Venezuela e a Guiana, as atividades focam no combate ao contrabando e descaminho de mercadorias e ao tráfico de drogas. Na região sudoeste do Estado, estão concentradas na retirada ilegal de madeiras. E na terra Yanomami, no combate ao garimpo ilegal e aos crimes ambientais.

Todas as unidades do Exército em Roraima e duas organizações de Manaus (AM) participam da operação. “É uma operação planejada e ampla, de uma logística muito grande e que está sendo feita com muito cuidado, com critérios”, frisou.

Segundo ele, um centro de operações montado na 1ª Brigada de Infantaria de Selva coordena toda a operação para garantir que as ações sejam executadas como foi planejado. “Assim, mostraremos a presença do Estado Brasileiro na região de fronteira”, enfatizou o general.

Nas atividades são realizadas ações táticas com patrulhas a pé, aeromóveis e fluviais, operações especiais, além de atividades logísticas e de comunicações.

ACISO – Concomitantemente às ações de patrulhamento e fiscalização, serão desenvolvidas ações cívico-sociais, com atendimentos médicos, farmacêutico, odontológico e veterinário em comunidades carentes.

Ainda serão realizadas atividades recreativas para as crianças, palestras educativas, corte de cabelo, apresentações de vídeos institucionais, cerimônia com execução do Hino Nacional, apresentação da Banda de Música da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, além da entrega da Bandeira do Brasil. A ideia é proporcionar qualidade de vida à população roraimense que vive na faixa de fronteira.