Professores yanomami se preparam para exame de suplência no Ensino Fundamental

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“As aulas ministradas em português contam com tradutores na língua yanomami” ASCOM/SECD

A troca de conhecimentos ganha espaço até o dia 18 de novembro. Professores yanomami estão sendo preparados para a certificação no Ensino Fundamental, é a capacitação para exame de suplência.
As atividades ocorrem na Escola Estadual Riachuelo, Comunidade Indígena de Sucuba, município de Alto Alegre, distante 60 km da capital.
O curso é ministrado pela primeira vez no Estado. São em média 10 pessoas entre educadores e técnicos da Divisão de Educação Indígena da SECD. Como a maioria dos participantes não domina o português, as aulas contam com tradutores em sanomá, yanomami, yanomama e ninã, alguns dos dialetos falados pelos índios yanomami.
Ao todo, 35 professores participam da formação dividida em etapas. A primeira inclui conhecimentos de 1ª a 4ª série e a segunda, de 5ª a 8ª série. São aulas nas disciplinas de língua portuguesa, matemática, ciências, história e geografia no período matutino, vespertino e com atividades extras à noite e inclusive aos sábados.
A experiência inédita busca oferecer condições para os professores concluírem o Ensino Fundamental e terem acesso a partir do próximo ano ao curso de magistério. Atualmente os educadores que atuam na Terra Indígena Yanomami, não possuem formação. Eles são índios que falam fluentemente a língua da comunidade em que vivem, indicados pelas lideranças, porém sem a formação exigida.
“É um desafio, mas que vai trazer resultados. É o primeiro passo para a formalização das escolas nas comunidades yanomami. Além disso, nesta iniciativa eles têm acesso ao conteúdo exigido e nós temos a oportunidade de conhecer a realidade da língua e o universo da cultura desse povo” revela a chefe da Divisão de Educação Indígena da SECD, Ineide Izidório.  
ESTRUTURA
Os cursistas deixaram os locais de origem de avião por meio da parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai). Eles recebem também alojamento e alimentação na Comunidade de Sucuba por meio da Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Desportos (SECD).
Os yanomami não têm o hábito de assistir aulas em cadeiras ou bancos, diante desta realidade é preciso adaptar a metodologia das aulas para torná-las mais interessantes. O alimento oferecido é outra dificuldade para a Divisão de Educação Indígena, pois os índios estão acostumados a carnes de caça e frutas, como a banana.
“Nos primeiros dias, oferecemos frango, produto que eles não estão acostumados. Muitos não gostaram. Foi assim também com o jerimum, pão, leite e café. Para nossa surpresa eles preferiram mingau de banana e macaxeira. São oportunidades únicas que temos para conhecer de perto as particularidades do povo yanomami e assim aprender com eles”, ressalta a chefe da Divisão.
A próxima meta é concluir o projeto para a realização do curso de magistério. A iniciativa vem sendo desenvolvida por meio do Plano de Ações Articuladas (PAR) com apoio do Centro Estadual de Formação dos Profissionais da Educação (Ceforr). A intenção é oferecer a formação entre 2012 e 2015.